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segunda-feira, 16 de maio de 2011

Transtorno Desafiador Opositivo

O Transtorno Desafiador Opositivo consiste de um padrão persistente de comportamento negativista, hostis e desafiadores nas ausências de serias violações de normas sociais ou direitas alheias. O transtorno não pode ser diagnosticado se são satisfeitos os critérios para transtorno de conduta. A diferença do transtorno de conduta, o transtorno desafiador não pode ser diagnosticado, se os sintomas emergem exclusivamente durante um transtorno do humor ou um transtorno psicótico. Os sintomas mais comuns do transtorno desafiador opositivo incluem os seguintes: freqüentemente perde a paciência, freqüentemente discute com adultos, com freqüência desafia ou recusa-se ativamente a obedecer a solicitações ou regras dos adultos, com freqüência perturba as pessoas deliberadamente e freqüentemente responsabiliza os outros por seus erros ou mau comportamento.
O comportamento opositivo e negativista pode ser normal, em termos evolutivos, no começo da infância. Estudos epidemiológicos de traços negativistas em populações não clínicas descobriram suas existências entre 16 a 22% das crianças em idade escolar. Embora o transtorno desafiador possa começar já aos 3 anos de idade, ele tipicamente inicia por volta dos 8 anos de idade e, em geral, não depois da adolescência.
O transtorno é mais prevalente em meninos que em meninas antes da puberdade, e a proporção entre sexos provavelmente se iguala após a puberdade. Uma autoridade no assunto sugere que as meninas seriam classificadas como tendo transtorno opositivo mais freqüentemente que os meninos, já que esses recebem, com maior freqüência, o diagnostico de transtorno de conduta.
Não existem padrões familiares definitivos, mas quase todos os pais de crianças com transtorno desafiador opositivo são eles próprios excessivamente preocupados com temas de poder, controle e autonomia. Algumas famílias contêm várias crianças obstinadas, mães controladoras e deprimidas e pais passivo-agressivos. Em muitos casos, os pacientes eram filhos indesejados.
Afirmar a própria vontade e se opor à de outros é crucial para o desenvolvimento normal. Isto está relacionado ao estabelecimento da própria autonomia, formação de uma identidade e estabelecimento de parâmetros e controles internos. O exemplo mais dramático do comportamento opositivo normal alcança o auge entre 18 e 24 meses, o “terrível segundo ano”, quando o bebê comporta-se negativamente como expressão de sua crescente autonomia. A patologia começa quando esta fase evolutiva persiste além do normal, quando as figuras representantes da autoridade reagem exageradamente ou o comportamento opositivo recorre co freqüência consideravelmente maior que na maioria parte das crianças com a mesma idade mental.
As crianças podem ter predisposições constitucionais ou temperamentais a terem uma vontade forte, fortes preferências ou grandes afirmatividade. Caso os pais se preocupem com o poder e o controle ou exerçam autoridade por necessidades próprias, pode ocorrer um conflito que prepara o cenário para o desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo. O que começa, para o bebê, como um esforço para estabelecer autonomia transforma-se em uma defesa contra a dependência excessiva da mãe e um dispositivo de proteção contra a invasão da autonomia do ego. Ao final da infância, traumas ambientais, doença ou incapacidade crônica, como retardo mental, pode, ativar a oposição como uma defesa contra o desamparo, ansiedade e perda da auto-estima. Um outro estágio opositivo normal ocorre na adolescência , como expressão da necessidade de se separar-se dos pais e estabelecer uma identidade autônoma.
As crianças com transtorno desafiador opositivo freqüentemente discutem com adultos, perdem a paciência e ficam irritadas, rancorosas e facilmente aborrecidas pelos outros. Elas, com freqüência, desafiam ativamente solicitações ou regras impostas por adultos e perturbam os outros deliberadamente. Elas tendem a culpar os outros por seus próprios erros e mau comportamento. As manifestações do transtorno estão quase que invariavelmente presentes em casa, podendo estar ausentes na escola ou com outros adultos ou seus pares. Em alguns casos, as características dos transtornos são exibidas fora de casa desde o inicio; em outros casos, eles começam em casa, mas, posteriormente, são exibidos em outros locais. Tipicamente, os sintomas do transtorno são mais evidentes em interações com adultos ou companheiros a quem a criança conhece bem. Portanto, as crianças com o transtorno tendem a apresentar pouco ou nenhum sinal do transtorno ao exame clínico. Em geral, elas não consideram a si mesmas opositivas ou desafiadoras, mas justificam o seu comportamento como uma resposta a circunstancias que lhe parecem irracionais. O transtorno parece causar sofrimento aos que cercam a criança do que a ela própria.
Sintomas que fazem parte do critério diagnostico para o transtorno desafiador opositivo, segundo DSM-IV (1994 apud Kaplan 1997):
A. Um padrão de comportamento negativista, hostil e desafiador durando, pelo menos, 6 meses, durantes os quais quatro (ou mais) das seguintes características estão presentes:
(1) Frequentemente perde a paciência
(2) Frequentemente discute com adultos
(3) Frequentemente desafia ou recusa-se ativamente a obedecer a solicitações
Ou regras dos adultos
(4) Frequentemente perturba as pessoas de forma deliberada
(5) Frequentemente responsabiliza os outros por seus erros ou mau comportamento
(6) Mostra-se frequentemente suscetível ou é aborrecido com facilidade pelos outros
(7) Frequentemente enraivecido e ressentido
(8) Frequentemente rancoroso
Obs.: Considerar critério satisfeito, apenas, se o comportamento ocorre com maior freqüência do que se observa tipicamente em indivíduos de idade e nível de desenvolvimento comparáveis.
B. A perturbação do comportamento causa comprometimento clinicamente significativo no funcionamento social, acadêmico ou ocupacional.
C. Os comportamentos não ocorrem exclusivamente durante o curso de um Transtorno Psicótico ou Transtorno de Humor.
D. Não são satisfeitos os critérios para Transtorno da Conduta e, se o indivíduo tem 18 ou mais, não são satisfeitos os critérios para Transtorno da Personalidade Anti-Social.
O Transtorno desafiador opositivo quase sempre interfere nos relacionamentos interpessoais e no desempenho escolar. As crianças freqüentemente não têm amigos e percebem os relacionamentos humanos como insatisfatórios. Apesar de uma inteligência adequada, tais crianças saem-se mal na escola ou repetem o ano, já que não participam, resistem às exigências externas e insistem em solucionar problemas sem auxilio alheio.
Secundariamente a essas dificuldades estão uma baixa auto-estima, fraca tolerância à frustração, humor deprimido e ataques de raiva. Os adolescentes podem abusar de álcool e substâncias ilícitas. Com frequência, a perturbação evolui para um transtorno de conduta ou um transtorno do humor.

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KAPLAN HI, Sadock BJ, GREBB JÁ. Compêndio de Psiquiátria: Ciências do Comportamento e psiquiatria Clínica. 7ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas. 1997.

2 comentários:

  1. Olá, tudo bem?
    Então, queria tirar algumas dúvidas, se você puder me ajudar... =)
    Tenho certeza que, quando criança, tinha o TDO... Na verdade ainda apresento suas características, mesmo já tendo 21 anos. Nunca tive transtorno de conduta (violência física, tortura a animais ou crueldade de qualquer forma. Sempre fui muito empática).
    Hoje em dia (desde os meus 11 ou 12 anos) sofro muito com o transtorno de personalidade borderline, além de algumas comorbidades como fobia social, déficit de atenção e compulsão por drogas. (tenho transtornos em bando! rsrs)
    Gostaria de saber... O TDO poderia ser pré-mórbido ao TPB? Ou, neste caso, seria também uma comorbidade, já que eu ainda apresento os sintomas, apesar de mais adaptados para a vida adulta?
    Muito obrigada!
    Carolina

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    1. Isso aqui parece que esta abandonado, espero que ja tenhas obtido suas respostas. abs.

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