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segunda-feira, 30 de maio de 2011

CINEMA E PSICANÁLISE


Uma dobradinha que a mais de cem anos vem dando certo: cinema e psicanálise.

O cinema e a psicanálise são contemporâneos, em 1895 os irmãos Lumière fizeram a primeira exibição cinematográfica. No mesmo ano Freud faz a primeira interpretação de um sonho seu: "A injeção de Irma", que parece ser a encenação de um romance familiar das origens e da história da psicanálise, mas é em 1899 com o livro “Interpretação dos Sonhos” nasce à psicanálise.

Freud não imaginava que sua ciência seria um tempero muito usado no cinema, dramas psicológicos, e os conteúdos psicanalíticos, sempre exibindo noções populares e superficiais de trauma, repressão e inconsciente.

Nos Anos 30 e 40 era muito comum alguns filmes ter um analista devidamente bem vestido, com um cachimbo ou charuto e muita sapiência, e todo equilíbrio do mundo.

Mas, sem duvida nenhuma, quando se fala de cinema e psicanálise poucos superam Hitchcock, o mestre do suspense soube fazer esta ponte entre cinema e psique, é incrível ver tamanho domínio exemplo é os filmes, Disque M para matar (1954), Psicose (1960) e Os Pássaros (1963) entre outros.

Contudo, houve outros diretores que souberam fazer esta alquimia, como Stanley Kubrick considerado por muitos com um dos maiores diretores de todos os tempos, soube trabalhar alguns conteúdos da mente humana como o narcisismo, ou melhor, a quebra. Em seus filmes Kubrick mostra que os seres humanos são frágeis e ingênuos e manipuláveis. Filmes como: Laranja Mecânica (1971), Barry Lyndon (1975), O Iluminado (1980), Nascido para matar (1987) e De Olhos Bem Fechados (1999), demonstram bem isso, sem dizer o filme 2001: Uma Odisséia no Espaço (1968), que o computador elimina os tripulantes da nave Discovery.

Mas Freud não pode ficar fora da sétima arte, em Freud, além da alma (1962), dirigido por John Houston, retrata a biografia de Freud de forma romanceada, mostrando seus casos mais importantes como caso “Dora”, ”Schreber”. Conta história da construção da teoria psicanalítica, que procura explicar nossa constituição psíquica. O filme reconstitui a vivência e as descobertas de Freud, em Paris e na cidade de Viena, entre os anos de 1885 e 1890. Um belíssimo filme para estudantes de psicologia e apreciadores de filmes sobre o tema.

Para mim, cinema e psicanálise vão caminhar sempre juntos, mas sem se encontrar tudo “inconsciente”. Como o sonho, o cinema é constituído de elementos oníricos, e por este fato adoramos. Através dos filmes recebemos sentimentos, desencadeamos nossas próprias emoções, assim procuramos expressar a nossa necessidade, temos contatos com nosso íntimo, rimos e choramos e isso se faz pensamento, isso faz psicanálise.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

FALANDO SOBRE BULLYING


Que violência é essa?

O bullying, tratada hoje como uma síndrome, é uma violência já conhecida no mundo há 40 anos, os primeiros estudos foram nos Estados Unidos. No Brasil, iniciou a pouco mais de oito anos. Essa forma de humilhação caracteriza-se por atos físicos e psicológicos com indivíduos incapazes de se defender, causando sequelas até permanentes nas vitimas.

O termo em inglês quer dizer “valentão”, e vem fazendo parte do cotidiano de muitas escolas e da sociedade em geral. Começa com uma brincadeira, vai evoluindo, quando menos se espera, já passou para agressão.

As consequências desses atos podem ser sentidas ao longo da vida como angústia, tristeza, baixa autoestima, irritabilidade, raiva, instabilidade emocional, depressão, pânico.

Essa agressividade está relacionada a um sentimento de inferioridade que o agressor visualiza no agredido, contudo, esta inferioridade é do agressor, como não a aceita, livra-se dessa ideia passando-a para o outro. Assim o agressor torna-se forte, onipotente, pronto para destruir seu lado fraco.

O portador de bullying tem como característica mandar, dominar, sujeitar o outro a uma autoridade, através de ameaças como forma de autoaceitação e de atenção para si, além de que, possui uma dificuldade de expressar sua afetividade e de reconhecer o outro, e suas particularidades.

Dessa forma, o elege como um bode expiatório, que irá carregar a angustia do grupo, trazendo controle e estabilidade para um, e desiquilíbrio para outro.

Todos nos temos nosso lado ruim, nossas fraquezas, que muitas vezes evitamos relata-las, descreve-las. Entretanto, com o passar de nossas vidas elaboramos estratégias para maquiar essas imperfeições. O que espanta no bullying é o aumento do numero de casos de violência nas escolas, isso demonstra como está sendo a criação de nossas crianças. Muitas delas com baixa capacidade de suportar frustrações, por exemplo, crianças birrentas e mimadas, na qual há uma falta de limites, e falta de compreensão do outro. Isso leva a uma criança sem capacidade suportar suas imperfeições, seu lado negativo. Essa é uma situação que pais e escola devem trabalhar juntos para buscar e encontrar estratégias para que essas crianças possam elaborar essa angustia em si. Com o apoio da psicoterapia essa criança terá mais uma ferramenta em busca de segurança e estabilidade.

ALGUMAS CARACTERÍSTICA DE VITIMA DE BULLYING

Entre vários comportamentos da criança vítima do bullying, as mais marcantes são: baixo nível de concentração e aprendizagem, a queda do rendimento, o absentismo e a evasão escolar. No campo da saúde física e emocional, a baixa na resistência imunológica e na autoestima, stress, os sintomas psicossomáticos, transtornos psicológicos, a depressão, e muitas vezes pensamentos e atos suicídio.

As vítimas de bullying devem buscar conscientização de como ela foi dominada pelos agressores, e perceber as estratégias perversas do seu agressor, assim fazendo com que ele passe a recusar o papel que lhe é proposto pelo agressor. Este aprendizado acarreta ao amadurecimento para enfrentar o agressor e tomar outros tipos de atitudes frente ao bullying.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE

No mundo globalizado em que vivemos, no qual onde tudo acompanha a velocidade de um clique, aonde psicopatologias como Depressão, TAB, entre outros, vem sendo diagnosticado diariamente, o borderline vem se tornando o transtorno de muitos pacientes em consultórios de psiquiatras e psicólogos.

Por este fato, HEGENBERG (2000) indaga que o Transtorno borderline se caracteriza numa questão da pós-modernidade, pois é possível observar nos dias de hoje quebra de valores tradicionais, ou seja, conduz o individuo ao uma crise de existência, por causa de uma solidão ocasionada pela quebra de laços, individualismo crescente e, além disso, por uma disputa imposta pela sociedade.

Esses pacientes borderline se destacam pelo afeto depressivo ou até mesmo adverso, comportamento impulsivo. Muitos pacientes apresentam uma adaptação social favorável, alterações nas relações interpessoais, e além de experiências psicóticas breves.

A patologia borderline, hoje em dia é, sem dúvida, uma problemática psicossocial importante, já que frequentemente se associam a quadros de drogadição, alcoolismo e violência.

Por este fato, é importante a compreensão do transtorno; este é um dos focos deste trabalho, contudo, muito além de apresentar uma definição, saber manejar este paciente em setting terapêutico, oferecendo uma estrutura segura para um paciente que degladeia diariamente com a realidade. O psicoterapeuta tem que obter uma vasta compreensão de seu instrumento de trabalho.

O termo borderline começou utilizado no final do século XIX, quando iniciaram aparecer na literatura psicanalítica, contudo não com o mesmo significado anterior. Inicialmente o termo era utilizado para apontar pacientes psicóticos com prognóstico favorável, tipo mais leve de psicose, como esquizofrenia. (ZASLAVSKY, Et.al. 2006)

BERGERET (1998) descreve a estrutura borderline como padrão de relacionamento emocional intenso, contudo incerto e desorganizado. A instabilidade das emoções é um perfil característico deste transtorno, que se expressa pelas instabilidades ou ligeiras variações do estado de humor, esses pacientes reconhecem sua instabilidade emocional, contudo tentam encobrir com argumentos implausíveis.

São pacientes que costumam ter respostas intensas na presença de situações de separação, são indivíduos hipersensíveis as vivencias de abandono e vivenciam um esforço catastróficos e inadequados para evitá-las, com atos desproporcionais de raiva, acusações ou comportamento e suicidas, que muitas vezes manifestam sentimentos de culpa e superproteção por parte das pessoas a quem convivem. (EIZIRIK Et. al, 2005).

KERNBERG (1991) relata que o paciente borderline apresenta características de organização inespecíficas, como: fraqueza do ego demonstrada na falta de controle do impulso falta de tolerância à ansiedade e falta de canais desenvolvidos de sublimação; patologia do superego traduzida na existência de valores imaturos e exigências morais contraditórias; e relações objetais crônicas e caóticas.

KERNBERG (1991) propõe o conceito de organização borderline de personalidade que se baseia em três critérios estruturais: difusão da identidade, nível de operação defensivas e capacidade de teste da realidade.

· A difusão da identidade seria como definição a falta de integração do self e de outros significativos. Desta forma, o paciente passaria a experimentar um vazio crônico e uma enorme contradição referente à autopercepção, ao próprio comportamento e à percepção. (KERNBERG, 1991)

· Nível das operações defensivas refere-se ao nível de organização com predominância das defesas defensivas. As defesas serão lançadas como forma de proteção do ego aos conflitos, dissociando experiências contraditórias do self e de outros significados. (KERNBERG, 1991). São elas:

1. Clivagem: divisão do self em objetos bons e maus, idealização primitiva disposição exagerada a ver os objetos bons, o paciente não supor nenhuma imperfeição na pessoa idealizada. (KERNBERG, 1991)

2. Formas primitivas de projeção: a identificação projetiva é caracterizada por disposição a continuar a experimentar um impulso ao mesmo tempo projetado; medo do outro (fantasia de que o outro controla o impulso projetado), e necessidade de controlar o outro. (KERNBERG, 1991)

3. Denegação: reconhecimento da presença de percepções, sentimentos e pensamentos oposto aos expressos, sem que haja relevância emocional ou influência no paciente. (KERNBERG, 1991)

4. Onipotência e desvalorização: Derivada da clivagem e representada por um self altamente inflado, grandioso e onipotente que se relaciona com representação depreciativa do outro, incluindo a projeção de aspectos desvalorizados do self. (KERNBERG, 1991)

· Capacidade de teste da realidade: caracteriza-se por uma capacidade mantida no paciente entre self e não self, e entre as origens intrapsíquicas e externa das percepções e estímulos, e de avaliar nosso afeto, comportamento e pensamento em termos de normas sociais comuns. (KERNBERG, 1991)

BALL e MCCANN (1997) descreve que os pacientes borderline vivem em um estado de caos interno, que podem ocasionar sentimentos de raiva e desamparo nos profissionais que os atendem. Além disso, podem causar culpa, transformando o terapeuta solícito em relação ao paciente, reforçando o comportamento negativo. Muitos terapeutas podem desejar exercer controle ou até mesmo rejeitar pacientes borderline. Todavia, esses pacientes podem induzir a sentimentos intensos positivos, nos terapeutas idealizados, que podem se relacionar de forma protetora e zelosa.

Sabe-se que o início do transtorno é instável, começando esses distúrbios na gênese da idade adulta, com sérios episódios de descontrole afetivo e impulsivo. Por essa razão, os riscos de suicídio são maiores nos anos iniciais da vida adulta e diminuem com o avanço delas. São pacientes que demonstram uma necessidade de afeto.

BERGERET (1998) ensina que os pacientes de estrutura limítrofes possuem um baixo limiar a frustrações atuais, que despertam antigas frustrações infantis significativas. São indivíduos, que geralmente são percebidos como “esfolados vivos”, normalmente fazem a utilização de traços de caráter paranóicos como forma de assustar quem puiria frustrá-los.

É natural do estado limítrofe do ponto de vista estrutural, estar intermediado entre neurose e psicose. Trata-se de uma psicopatologia do narcisismo. Portanto, triunfando o perigo de uma psicogênese de tipo psicótico, o ego não alcança a uma psicogênese anaclítica do outro, o perigo imediato em que todos os estados limítrofes lutam, acima de tudo, é a depressão. (BERGERET, 1998).

Mal estabelecido, seu narcisismo demonstra muitas vezes frágil. A existência real e evidente e demasiada necessidade de apoio, afeição e compreensão. Seu movimento muitas vezes é observado como persecutório, mas não ao ponto de um paciente paranóico, com esta visão pode-se desempenhar um duplo papel de superego auxiliar e ego auxiliar, estabelecendo, assim, com grande valor de ambivalência, como proibidor ao mesmo tempo. (BERGERET, 1998).

De acordo com BERGERET (1998), a angústia em pacientes limítrofes é bem peculiar, todavia a angustia de depressão que sucede quando o individuo imagine que seu objeto anaclítico possa fazer falta. É angustia de perda de objeto, logo sem objeto o anaclítico entrará na depressão.

O autor nos orienta que a angustia de depressão demonstra a organização limítrofe e a traduz, juntamente com a angustia de fragmentação da estrutura psicótica e da angustia de castração da estrutura neurótica, pois da mesma forma que o modo de relação de objeto, a própria angustia profunda não deve ser estimada de modo aproximativo, nem atende-la como sendo de castração.

É importante sabermos que na organização borderline, os conflitos não são de fato recalcados e, ou seja, inconscientemente dinâmicos; são, todavia, expressos em estados do ego mutuamente dissociados. Esta clivagem reflete uma matriz primitiva ego-id que antecede a própria diferenciação entre ego e id, portanto, se origina de uma fixação ou regressão a um estágio primitivo de desenvolvimento que antecede a constância de objeto, e a consolidação da estrutura tripartida. Com isso, as relações gravemente patológicas durante o estágio inicial de desenvolvimento do segundo ao quarto ano de vida determinam a fixação da organização psíquica de maneira defensiva em um nível de desenvolvimento insuficientemente integrado. (KERNBERG, 1991)

Esses pacientes são classificados segundo a ASSOCIAÇÃO PSIQUIÁTRICA AMERICANA(2003), como Transtorno do Eixo II (personalidade), que representam um prejuízo funcionamento basal, ou seja, acarreta que esses indivíduos funcionam geralmente abaixo do nível de inteligência esperado por sai inteligência, recurso e educação, alem disso é possível verificar que o prejuízo fica nítido no funcionamento interpessoal, pessoal e na autopercepção. Os danos na personalidade têm seu inicio precoce e entremeia uma vasta variedade de situações.

GABBARD (1998) expõe algumas características para um diagnostico racional de um paciente borderline:

1. afeto exacerbado de natureza depressiva ou raivosa;

2. impulsividade;

3. adaptação superficial a conjetura sociais;

4. episódio psicótico transitório;

5. inclinação a ideações frouxos na testagem projetiva ou outras situações não estruturadas;

6. modelo incerto de relações que se dirija de uma extrema dependência à superficialidade transitória.

De acordo com GABBARD (1998), muitos dos pais dos pacientes limítrofes reforçam as fixações a uma relação exclusivamente anaclítico. Muitas vezes, expõe-se no plano narcísico. Devido essas condições, às vezes contraditórias e sem contraparte gratificante, a crianças visualiza baterem em seu interior dois egos ideais, paterno e materno.

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ASSOCIAÇÃO PSIQUIATRICA AMERICANA. Manual diagnóstico e estatístico de transtorno mentais: DSM-IV-TR. 4, Ed. rev. Tradução Claudia Dornelles. Porto Alegre: Artmed, 2003.

BALL, E. M.; McCANN, R. Transtorno de personalidade borderline. In: Jacobson, J. L.; Jacobson, A. M. (Orgs.). Segredo em psiquiatria: respostas necessárias ao dia-a-dia: em rounds, na clínica, em exames orais e escritos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.

BERGERET, Jean. A personalidade normal e patológica. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

EIZIRIK, Cláudio L.; AGUIAR, Rogério W.; SCHESTATSKY, Sidnei S. Psicoterapia de Orientação Analítica. Porto Alegre: Artmed, 2005

GABBARD, G. O. Psiquiatria psicodinâmica. Porto Alegre: Artmed, 1998.

ZASLAVSKY, J.; SANTOS, M.J.P.(Org.) Contratransferência: teoria e prática clínica. Porto Alegre: Artmed, 2006,

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Transtorno Desafiador Opositivo

O Transtorno Desafiador Opositivo consiste de um padrão persistente de comportamento negativista, hostis e desafiadores nas ausências de serias violações de normas sociais ou direitas alheias. O transtorno não pode ser diagnosticado se são satisfeitos os critérios para transtorno de conduta. A diferença do transtorno de conduta, o transtorno desafiador não pode ser diagnosticado, se os sintomas emergem exclusivamente durante um transtorno do humor ou um transtorno psicótico. Os sintomas mais comuns do transtorno desafiador opositivo incluem os seguintes: freqüentemente perde a paciência, freqüentemente discute com adultos, com freqüência desafia ou recusa-se ativamente a obedecer a solicitações ou regras dos adultos, com freqüência perturba as pessoas deliberadamente e freqüentemente responsabiliza os outros por seus erros ou mau comportamento.
O comportamento opositivo e negativista pode ser normal, em termos evolutivos, no começo da infância. Estudos epidemiológicos de traços negativistas em populações não clínicas descobriram suas existências entre 16 a 22% das crianças em idade escolar. Embora o transtorno desafiador possa começar já aos 3 anos de idade, ele tipicamente inicia por volta dos 8 anos de idade e, em geral, não depois da adolescência.
O transtorno é mais prevalente em meninos que em meninas antes da puberdade, e a proporção entre sexos provavelmente se iguala após a puberdade. Uma autoridade no assunto sugere que as meninas seriam classificadas como tendo transtorno opositivo mais freqüentemente que os meninos, já que esses recebem, com maior freqüência, o diagnostico de transtorno de conduta.
Não existem padrões familiares definitivos, mas quase todos os pais de crianças com transtorno desafiador opositivo são eles próprios excessivamente preocupados com temas de poder, controle e autonomia. Algumas famílias contêm várias crianças obstinadas, mães controladoras e deprimidas e pais passivo-agressivos. Em muitos casos, os pacientes eram filhos indesejados.
Afirmar a própria vontade e se opor à de outros é crucial para o desenvolvimento normal. Isto está relacionado ao estabelecimento da própria autonomia, formação de uma identidade e estabelecimento de parâmetros e controles internos. O exemplo mais dramático do comportamento opositivo normal alcança o auge entre 18 e 24 meses, o “terrível segundo ano”, quando o bebê comporta-se negativamente como expressão de sua crescente autonomia. A patologia começa quando esta fase evolutiva persiste além do normal, quando as figuras representantes da autoridade reagem exageradamente ou o comportamento opositivo recorre co freqüência consideravelmente maior que na maioria parte das crianças com a mesma idade mental.
As crianças podem ter predisposições constitucionais ou temperamentais a terem uma vontade forte, fortes preferências ou grandes afirmatividade. Caso os pais se preocupem com o poder e o controle ou exerçam autoridade por necessidades próprias, pode ocorrer um conflito que prepara o cenário para o desenvolvimento do transtorno desafiador opositivo. O que começa, para o bebê, como um esforço para estabelecer autonomia transforma-se em uma defesa contra a dependência excessiva da mãe e um dispositivo de proteção contra a invasão da autonomia do ego. Ao final da infância, traumas ambientais, doença ou incapacidade crônica, como retardo mental, pode, ativar a oposição como uma defesa contra o desamparo, ansiedade e perda da auto-estima. Um outro estágio opositivo normal ocorre na adolescência , como expressão da necessidade de se separar-se dos pais e estabelecer uma identidade autônoma.
As crianças com transtorno desafiador opositivo freqüentemente discutem com adultos, perdem a paciência e ficam irritadas, rancorosas e facilmente aborrecidas pelos outros. Elas, com freqüência, desafiam ativamente solicitações ou regras impostas por adultos e perturbam os outros deliberadamente. Elas tendem a culpar os outros por seus próprios erros e mau comportamento. As manifestações do transtorno estão quase que invariavelmente presentes em casa, podendo estar ausentes na escola ou com outros adultos ou seus pares. Em alguns casos, as características dos transtornos são exibidas fora de casa desde o inicio; em outros casos, eles começam em casa, mas, posteriormente, são exibidos em outros locais. Tipicamente, os sintomas do transtorno são mais evidentes em interações com adultos ou companheiros a quem a criança conhece bem. Portanto, as crianças com o transtorno tendem a apresentar pouco ou nenhum sinal do transtorno ao exame clínico. Em geral, elas não consideram a si mesmas opositivas ou desafiadoras, mas justificam o seu comportamento como uma resposta a circunstancias que lhe parecem irracionais. O transtorno parece causar sofrimento aos que cercam a criança do que a ela própria.
Sintomas que fazem parte do critério diagnostico para o transtorno desafiador opositivo, segundo DSM-IV (1994 apud Kaplan 1997):
A. Um padrão de comportamento negativista, hostil e desafiador durando, pelo menos, 6 meses, durantes os quais quatro (ou mais) das seguintes características estão presentes:
(1) Frequentemente perde a paciência
(2) Frequentemente discute com adultos
(3) Frequentemente desafia ou recusa-se ativamente a obedecer a solicitações
Ou regras dos adultos
(4) Frequentemente perturba as pessoas de forma deliberada
(5) Frequentemente responsabiliza os outros por seus erros ou mau comportamento
(6) Mostra-se frequentemente suscetível ou é aborrecido com facilidade pelos outros
(7) Frequentemente enraivecido e ressentido
(8) Frequentemente rancoroso
Obs.: Considerar critério satisfeito, apenas, se o comportamento ocorre com maior freqüência do que se observa tipicamente em indivíduos de idade e nível de desenvolvimento comparáveis.
B. A perturbação do comportamento causa comprometimento clinicamente significativo no funcionamento social, acadêmico ou ocupacional.
C. Os comportamentos não ocorrem exclusivamente durante o curso de um Transtorno Psicótico ou Transtorno de Humor.
D. Não são satisfeitos os critérios para Transtorno da Conduta e, se o indivíduo tem 18 ou mais, não são satisfeitos os critérios para Transtorno da Personalidade Anti-Social.
O Transtorno desafiador opositivo quase sempre interfere nos relacionamentos interpessoais e no desempenho escolar. As crianças freqüentemente não têm amigos e percebem os relacionamentos humanos como insatisfatórios. Apesar de uma inteligência adequada, tais crianças saem-se mal na escola ou repetem o ano, já que não participam, resistem às exigências externas e insistem em solucionar problemas sem auxilio alheio.
Secundariamente a essas dificuldades estão uma baixa auto-estima, fraca tolerância à frustração, humor deprimido e ataques de raiva. Os adolescentes podem abusar de álcool e substâncias ilícitas. Com frequência, a perturbação evolui para um transtorno de conduta ou um transtorno do humor.

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KAPLAN HI, Sadock BJ, GREBB JÁ. Compêndio de Psiquiátria: Ciências do Comportamento e psiquiatria Clínica. 7ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas. 1997.

TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

Desde pequeno já é inquieto. Em casa, corre daqui para lá o dia todo, sem que nada o detenha, nem sequer o perigo. Tira brinquedos de seu lugar, esparrama todos eles pelo chão e, quase sem usa-los, pega outros e outros, sem deter-se em nenhum. Interrompe permanentemente os adultos e as outras crianças, respondendo impulsivamente e de forma exagerada àqueles que o molestam. Seus companheiros de escola o evitam, mesmo assim ele sempre termina chamando-os para pedir-lhes ajuda nas lições que não consegue copiar a tempo.
Essa criança sempre perde os objetos, é desordenado, tendo que cobrá-lo o tempo todo, não só para que complete as tarefas, mas também porque, distraído, se esquece de que é hora de almoçar, de jantar ou de banhar-se. Quando começa fazer alguma coisa, se esquece de terminar, para na metade. Quando vai a algum lugar para no caminho, se detém para falar com alguém, para entreter-se numa brincadeira, com algum animal ou passarinho que passa voando.
Essa criança descrita acima poder ter o diagnóstico de TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, contudo temos que ter muita atenção em falar que tal criança possui tal doença, pois o TDAH vem se tornando um rótulo na vida de muitas crianças que apresentam uma conduta irregular segundo o padrão da sociedade.
É possível ouvir e ler sobre TDAH em jornais, rádios, internet, televisão, em quase todos os tipos de mídia, o tema é discutido e muitos descobrem que possui ou conhece alguém. Infelizmente muitas das informações expostas estão erradas, assim causando furor de pessoas nos consultórios. Entretanto, é importante relatar que devido essa exposição do tema para a sociedade esta sendo possível oferecer uma qualidade de vida melhor para os pacientes com esse transtorno.
Nos dias de hoje, delimitar um nível atividade normal em uma criança é um tema polêmico. As expectativas em que os pais têm sobre o comportamento de seus filhos, normalmente envolve certo grau de bagunça, desobediência, agitação, são algumas características que sugere saúde e vivacidade normal em criança saudável.
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, ou TDAH é um transtorno de desenvolvimento do autocontrole que consiste em problemas com os períodos de atenção, com o controle do impulso e com nível de atividade. O transtorno vai além dessas dificuldades, provocam também prejuízo na vontade da criança ou na capacidade de controlar o seu comportamento. Não se trata apenas de uma questão de ser desatento ou hiperativo. Não se trata apenas de um estado temporário que será superado, de uma fase probatória, porém normal, da infância. Não é causado por falta de disciplina ou controle parental, assim como não é o sinal de algum tipo de “maldade” da criança.
Desatenção, agitação, excesso de atividade, emotividade, impulsividade e baixo limiar de frustração afetam a integração da criança com todo o seu mundo: em casa, na escola e na comunidade em muitas vezes, prejudicado pelo estresse provocado pelo comportamento inconstante e imprevisível. O desenvolvimento da personalidade e o progresso na escola também são afetados de forma negativa.
No curso das ultimas décadas, o estudo do distúrbio de déficit de atenção (DDA ou DHDA) tem atraído o interesse de pesquisadores de medicina, psicologia e educação. A investigação científica da doença tem se concentrado em uma multiplicidade de aspectos, incluindo: epidemiologia, etiologia, métodos de diagnose e processos de tratamento. È provável que nenhum outro distúrbio psicomédico da infância tenha sido tão bem estudado quanto o DDA.
Alguns autores relatam que a criança hiperativa representa um enorme desafio para pais e professores. As pesquisas sugerem que a hiperatividade pode ser o problema mais persistente e comum na infância. É persistente ou crônico porque não há cura e muitos problemas apresentados pela criança hiperativa devem ser administrados, dia a dia, durante a infância e a adolescência. É possível que os problemas resultantes da hiperatividade estejam entre as razões mais frequentes que justificaria os encaminhamentos de crianças com problemas de comportamento a médico, psicólogo, educadores e outros especialistas em saúde menta.
Educar um paciente com TDAH é bastante desafiador para qualquer família. São indivíduos desatentos, impulsivos ou desinibidos, além de serem superativos e exigentes. Quando dizemos que pacientes com TDAH são desatentos queremos expressar que eles apresentam pouco interesse.
É de grande importância compreender que crianças hiperativas demonstram as dificuldades mais comuns da infância, contudo de maneira exagerada. Grande parte das crianças afetadas tem na, desatenção, na atividade excessiva ou no comportamento emocional e impulsivo características de seu temperamento.
Muitos pesquisadores acreditam que essas qualidades, que podem não ser hereditárias, sejam consequência de algum desequilíbrio da química do cérebro. Algumas crianças, entretanto, podem apresentar sintomas de hiperatividade como resultado de ansiedade, frustração, depressão ou de uma criação imprópria.
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um problema de saúde mental que três características básicas: a desatenção, a agitação ou hiperatividade e a impulsividade. Este transtorno tem grande impacto na vida da criança ou do adolescente e das pessoas com as quais convive (amigos, pais e professores). Pode levar a dificuldades emocionais, de relacionamento familiar e social, bem como a um baixo desempenho escolar. Muitas vezes, é acompanhado de outros problemas de saúde.
Para alegar que TDAH é um transtorno comportamental real, os cientistas precisam demonstrar que ele emerge cedo no desenvolvimento de uma criança, distingue com clareza essas crianças normais ou daquelas que não tem transtorno, é relativamente difuso ou ocorre em meio a diferentes situações, embora não necessariamente em todas elas afeta a capacidade da criança de certa idade, é relativamente persistente durante o período de desenvolvimento, não é facilmente explicado por causas puramente ambientais ou sociais, está relacionado a anormalidades no funcionamento ou desenvolvimento do cérebro, o que significa que existe uma falha ou um déficit no funcionamento da capacidade mental própria de todos os seres humanos normais, e está associado a outros fatores biológicos que podem afetar o funcionamento do cérebro ou seu desenvolvimento.
É compreensivo, entender porque muitas pessoas consideram difícil ver TDAH como uma deficiência, como não poder ver ouvir, falar, essas crianças parecem normais, pois não apresentam sinais exteriores de alguma coisa errada.

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BARKLEY, Russell A. Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH), guia completo para pais, professores e profissionais da saúde, Porto Alegre: Artmed, 2002.
BENCZICK, Edyleine Bellini. Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, Atualização Diagnóstica e Terapêutica, um guia de orientação para profissionais, São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000.
GOLDSTEIN, Sam & GOLDSTEIN, Michael. Hiperatividade: como desenvolver a capacidade de atenção da criança. Série Educação Especial. Papirus Editora, 8ª Edição, 2002.
ROHDE, Luis A . & BENCZICK, Edyleine B.P. Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade: O que é ? Como ajudar? Porto Alegre: Artmed, 1999.

O que é Psicologia?

Psicologia é a ciência que estuda o comportamento humano e seus processos mentais. Melhor dizendo, a Psicologia estuda o que motiva o comportamento humano – que o sustenta, o finaliza e seus processos mentais, que passam pela sensação, emoção, percepção, aprendizagem, inteligência. A principal parte do corpo humano que baseia o estudo da psicologia é o cérebro, e sobre ele ainda há muito que descobrir.

Já a psicoterapia é a busca do autoconhecimento, isto é oferece uma ampla percepção que o indivíduo tem de si mesmo, como de seu comportamento, pensamentos e sentimentos. Contudo, a busca da auto-observação não é fácil e muitas pessoas sofrem por não reconhecer os motivos de seu agir, pensar ou sentir. Isso faz com que o desconhecimento de si ocasione uma sensação de vazio, raiva ou até frustração.

A terapia tem como foco explorar a natureza do conflito e resolver os sintomas que ela produz, desta forma aliviando a ansiedade. Mas é importante dizer que a psicoterapia busca gerar informações para que a própria pessoa compreenda melhor suas características, potencialidades e limites, permitindo prevenir futuros problemas psicológicos como episódios depressivos, de ansiedade, stress, fobias, transtornos alimentares, etc.

Em psicoterapia há muitas especialidades conhecidas como abordagens ou linhas de trabalho, cada psicólogo ampliam seus conhecimentos na abordagem com a qual mais se identifica. Não há uma abordagem em psicologia considerada a melhor, todas são eficazes desde que aplicadas adequadamente por profissionais especializados.

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

BOCK, A.M.B.; FURTADO, O.; TRASSI TEIXEIRA M.L. (2002) Psicologias: Uma introdução ao estudo da psicologia 13.ed. São Paulo: Saraiva, 2002.

GABBARD, Glen O. Psiquiatria psicodinâmica na prática clínica. 4. ed. Trad. Hofmeister, M. R. S. Porto Alegre: Artmed, 2006.