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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

PSICOTERAPIA PARA IDOSOS


Para muitas pessoas, psicoterapia para pessoas "idosas” (as que já ultrapassaram os 60 anos de vida) ainda parece algo estranho.

Nessa atitude de desconfiança e de dúvida, quanto à pertinência desse tipo de ajuda para essa faixa etária, há um preconceito que foi desenvolvido durante muitos anos em nossa sociedade. Aprendemos que a vida é composta de fases: infância, adolescência... Etc... Aprendemos também que a fase de construção, de "investimento" nos projetos de vida, se situa num período que vai do nascimento até a juventude. Depois disso a pessoa deverá colher o que plantou e, se ela não plantou no tempo certo, não há mais muito a se fazer, ou a se tentar recuperar, quando a idade avançar.

A idade da velhice, ainda que muito relativa, é comum que se a veja como um período da existência no qual a pessoa não tem saída, não tem futuro.

Mergulhado numa visão tão pessimista em relação ao futuro, nossa sociedade não vê sentido em se tratar uma pessoa de idade que apresente problemas existenciais, pois ela, diferentemente de um jovem, não apresenta mais a força para construir, motivação suficientemente forte para investir no tempo de vida que lhe resta.

Terapia com idosos será no mínimo uma perda de tempo, um investimento sem retorno ou coisa assim. Muita gente ainda pensa deste modo.

Tenho a impressão que, em nosso mundo atual, cada vez mais somos programados para valorizar a quantidade, deixando de lado uma questão muito importante que é a qualidade. Pensando nestes termos, o jovem tem MUITO tempo de vida a ser vivido e, portanto, vale a pena investir nesse futuro. Por outro lado o idoso tem POUCO tempo de vida e, sendo assim, não vale a pena investir no seu futuro.

Esse terrível equívoco é responsável- em grande parte - pela própria atitude do idoso que acaba também acreditando nessa afirmação totalmente descabida.

Em termos práticos basta a constatação seguinte: um jovem pode viver somente mais um ano e uma pessoa de 50 pode ainda viver mais de vinte. Ou seja, a gente às vezes esquece que o futuro é imprevisível e, portanto, nunca saberemos ao certo quanto tempo de vida nos resta. Imaginar que resta ao idoso pouco tempo de vida e que, por isso, não faz diferença se ele investir ou não no seu futuro, é uma forma bastante preconceituosa de se pensar.

Da mesma forma que acontece com qualquer pessoa, tenha ela dias de nascida ou dezenas deles, a qualidade de vida do idoso se torna o fator mais significativo a se colocar em foco e a se transformar em meta.

Ocorre que, provavelmente uma das dificuldades maiores enfrentadas pela pessoa com mais anos de vida, que já tem uma história pessoal longa, é acreditar que possa mudar o rumo que sua vida tomou. Ela considera que "já é assim há muitos anos" e portanto não será agora que irá conseguir mudar alguma coisa em sua vida, nem no seu modo de pensar e agir. Ela se sente ancorada no passado, presa às suas verdades, ao "seu destino".

Quando, por alguma razão a pessoa de idade chega a iniciar uma terapia e o terapeuta a acolhe com atenção, respeito, compreensão diante de suas dores, inseguranças, medos... ela também começa a experimentar dentro de si uma maior aceitação de seu modo de ser, de sua história pessoal e , aos poucos , vai a se desvencilhando das âncoras que a amarra ao passado e que a impedem de ver o futuro como algo promissor. Na verdade, qualquer terapia bem sucedida acarreta uma mudança no cliente. Mas o que vem a ser essa tal mudança?

Essa indagação surge, com freqüência, quando se fala de terapia com idosos. Surge sempre a pergunta: será possível uma pessoa de idade mudar já que ela é assim há tanto tempo?

As pessoas "leigas" geralmente pensam que uma pessoa " muda " quando passa a ser " outra" , ou seja , deixar de ser o que sempre foi. Pensam que mudança implica numa subtração ou numa substituição do que somos por coisas novas. A idéia é quase como se arrancássemos o que não serve, o que não é bom em nós, e, em seu lugar, colocássemos coisas novas, boas, úteis... Com isso a pessoa que mudou passaria a ser "melhor do que era antes".

O que acontece no processo que eu chamaria de mudança é uma operação diferente onde não há lugar para subtrações mas sim para acréscimos, somas àquilo que já somos.

Não podemos tirar ou substituir nada do que já vivemos, do que aprendemos, do que experimentamos. Portanto, apagar o que passou, esquecer fatos acontecidos, fazer de conta que o que passou, passou, é, no mínimo, a maior mentira que uma pessoa pode pregar para si mesmo. Sabemos, por experiência na clínica, o quanto é difícil para uma pessoa mudar, mesmo quando ela diz querer isso.

O processo de mudança pessoal esbarra sempre num problema bem complicado que é a necessidade que todos nós temos de manter nossa integridade psicológica, a nossa identidade, o nosso " self ", a imagem que a gente tem da gente.

Se uma pessoa sempre se percebeu de um determinado modo, com determinadas características que ela identifica como " propriedades suas" , quando se dá conta que talvez esteja equivocada em relação aos atributos que ela identifica como sendo "seus" , um estado de ansiedade começa a se manifestar nela. Ela está em vias de se perceber de maneira nova, sob outro ângulo que até então não conhecia. É como se " ela estivesse prestes a deixar de ser ela". E isso lhe parece de certo modo perigoso assustador... Fica com medo. Muitas vezes refuga, volta para trás, nega essa nova forma de se perceber e de perceber o seu mundo.

Num processo terapêutico que esteja evoluindo bem, a relação estabelecida entre terapeuta e cliente se dá num clima de alta confiança, de aceitação, de compreensão, de sinceridade... e tudo isso favorece o surgimento de uma diminuição do medo ao qual me referi acima. O cliente vê no terapeuta um ajudante confiável, uma pessoa que está ali com ele e lhe dando suporte suficiente para que ele tenha coragem de enfrentar as conseqüências dessas " novas percepções" e dessas " novas descobertas sobre si mesmo". A mudança acontece, portanto, quando podemos ver o nosso mundo interior e exterior por ângulos novos sem desprezar os outros ângulos pelos quais estamos acostumados a vê-los. Mudança é soma, e não subtração.

Na verdadeira mudança, por começarmos a ter novas formas de perceber nossa realidade, nossas ações também acabam sendo realizadas de modos novos. Pensando assim, a mudança é possível para qualquer pessoa, de qualquer idade.

Nosso passado, nossa experiência pessoal, é nosso patrimônio mais valioso. Não temos que nos desfazer dele, mas, pelo contrário, utiliza-lo em nosso favor.

Quando numa terapia podemos , com o máximo de serenidade e confiança, ver o que trazemos em nós e que foi construído com o tempo, a nossa "bagagem", podemos também usar este material em nosso benefício de tal forma que nosso presente possa ser mais bem organizado, melhor vivido, mais gratificante, se transforme numa realização pessoal.

A pessoa de idade avançada, teoricamente, possui uma enorme bagagem e, com ela poderá construir o seu futuro de uma maneira fantasticamente positiva, tenha ele o tamanho que tiver.

Aceitar a idade, aceitar as limitações impostas por ela, não se prender ao que deixou de ser feito e sim ao que ainda poderá ser realizado, e tantas outras coisas, talvez fique na base do que se espera de uma terapia bem sucedida nesta faixa etária. Isso não é muito diferente do que se propõe para a terapia de um jovem, mas, indiscutivelmente, a operacionalização do processo talvez o seja.

Algumas pessoas que atendi que já passavam dos 70 anos, me ensinaram que é importante que o local de atendimento tenha algumas características que nem sempre são necessárias quando se trata de um cliente jovem. Por exemplo, um jovem pode ser atendido se sentando em almofadas, em cadeiras baixas, ou até mesmo no chão ( muitos clientes meus, jovens, preferiam ser atendidos assim). As condições de atendimento, quando se trata de uma pessoa idosa, não são tão simples assim, mesmo que aquele cliente seja ágil, com boa elasticidade, etc. ...

Outro aspecto a se destacar são algumas atitude do terapeuta : sua fala, seus gestos. Isso tudo é , via de regra, muito observado pelo idoso sendo que eles - na sua maioria, e principalmente nas sessões iniciais - se sentem mais à vontade num contexto que eu denominaria de "semi-formalismo" ( onde haja algum nível de cerimônia, de formalidade e, ao mesmo tempo de descontração ).

Eventualmente atendemos idosos internados em clínicas geriátricas, nas suas residências ou nas de parentes seus. Nesses casos, quando uma doença grave , ou uma outra limitação, os impedem de irem até o consultório, tem-se comprovado empiricamente que se torna muito importante que , assim que eles possam se locomover, sejam atendidos no consultório. É como um primeiro passo para sua melhora global. Nesses casos é necessário que o contexto ao redor desses pacientes seja também alvo de nossa atenção.

Há casos onde se torna imperioso um trabalho junto com a equipe de atendimento ou, se ele estiver em casa, com a família.

A participação da família - quase sempre- é de suma importância para o resultado da terapia com o paciente muito idoso, pois, quase sempre é nela que repousa todas os pilares da construção da melhora dele.

Há muitas instituições que possuem profissionais muito competentes, mas nem sempre preparados para lidar com alguns pacientes que apresentam uma história pessoal e familiar complexas.

Há quem nos pergunte se os pacientes demenciados, mentalmente limitados, podem se beneficiar do atendimento psicológico. A nossa resposta é, sem dúvida, sim, principalmente se levarmos em conta que, especificamente nesses casos, a ação terapêutica é mais abrangente e engloba, além do atendimento direto do idoso, todo o contexto ao seu redor. Busca-se, com esta ação mais ampla, a criação de um meio ambiente mais sadio e rico de possibilidade que proporcionem um maior bem-estar físico e afetivo para o cliente.

O que precisamos levar em consideração é que os benefícios que uma pessoa com limitações intelectuais ou mentais podem receber serão, de alguma forma, proporcionais ao nível de suas limitações e às condições do meio no qual ele está vivendo. Mas, todas elas - de alguma forma- se beneficiam.

Certamente, entre as abordagens teóricas que conhecemos as que não estão calcados numa valorização de fatos passados, sonhos, transferências, ou que não estejam focadas em programas de reeducação de condutas ou descondicionamentos, as que não tenham como objetivo "tirar" ou "colocar" nada na pessoa atendida cremos que essas tenham mais chance de conseguir um nível bom de ajuda às pessoas da terceira idade.

Terapias que enfatizem a aceitação da pessoa de idade exatamente como ela é, que optem por compreendê-la, criar um clima de afeto e de respeito por tudo àquilo que ela é a meu ver têm uma grande chance de conseguir um bom nível de ajuda com esse tipo de cliente.

Eu diria que o importante é que- independentemente do enfoque teórico básico do terapeuta- ele confie na riqueza que o idoso traz consigo, sua experiência de vida e saiba que, se pudermos aceitar sua história, o idoso saberá, por si mesmo, organizar seu futuro de modo profundamente sábio.

A pessoa idosa, quase sempre, está buscando "somente isto": alguém que o ajude a acreditar em si mesmo, que o compreenda, aceite e o ame.

O passado para ela - alegre ou triste - é lembrado, trazido para discussão ou não, e quando pode ser aceito e compreendido, se transforma num agente potente de mudança positiva.

Sua maneira às vezes fisicamente desajeitada, sua audição nem sempre tão boa como nos velhos tempos..., suas mãos não tão firmes como há 30 anos passados, sua memória que, agora, costuma falhar... E outras dificuldadesinhas que lhe fazem companhia hoje em dia, uma vez sendo carinhosamente aceitas, faz com que a pessoa de idade recupere sua autoestima, sua autoconfiança, sua vontade de fazer da vida algo interessante e emocionante. Em outras palavras, essa aceitação e compreensão criam condições para que a pessoa sinta que viver vale a pena e que a realização pessoal pode chegar a qualquer momento na vida de qualquer pessoa, e que ela própria é a construtora dessa realização.

Muitos idosos passam a viver uma vida bastante afastada do convívio social e, dentro da própria família, seus anseios, suas histórias, seu modo de pensar, etc... Acabam por deixá-los de certa maneira sem chance de estabelecer relacionamentos que lhe sejam enriquecedores, interessantes, motivadores... Principalmente quando ele, ou ela, já não tem mais o seu (sua) companheiro (a).

A viuvez traz, para a pessoa de idade mais avançada, um tipo de isolamento que pode ser cruel: filhos casados, vivendo em suas próprias casas, nem sempre próximas da casa de seus pais. Resta-lhe então se ligar a alguém da família, ou a uma pessoa amiga, ou a uma "enfermeira", ou acompanhante, para viver em sua casa ajudando-a conviver com essa nova realidade.

São momentos difíceis para muitos idosos, principalmente para aqueles que, por tipo de personalidade, são mais reservados ou não acostumados à convivência com estranhos à família. A ajuda psicológica individual parece não ter tanto impacto quanto o atendimento em grupo quando se trata de pessoas como as descritas no parágrafo anterior. Inicialmente, de modo análogo àquele que descrito sobre o início do atendimento individual, também em grupo a pessoa começa participando muito timidamente. Aos poucos vai se soltando e, se ela conseguir passar de um ponto crítico na sua vivência no grupo, talvez ela consiga um benefício surpreendentemente grande com essa experiência.

Como terapeuta de alguns grupos nos quais a maioria era de pessoas da terceira idade, pude notar que esse "tempo e espaço”: o "quando" e o "onde" as sessões de grupo aconteciam eram altamente valorizados por seus participantes. Era o momento e lugar elas onde podiam trocar experiências com outras pessoas de sua idade e entender suas próprias angústias, sentimentos, questionamentos, medos... Através dos relatos dos colegas de grupo. Eram uma forma de sair da "solidão" e encontrar amigos, pares, pessoas que devolviam a ela sua verdadeira condição de ser humano. Ela não era mais um traste, um peso para a família, alguém que já estava caducando ou com a qual não se poderia mais contar como "força de trabalho"...

Este tema é longo e gostaria de poder dedicar a ele um livro. Mas o propósito deste trabalho é levantar apenas algumas questões e, para finalizar, chamo atenção para um tópico que é também relevante quando falamos na ajuda psicológica às pessoas idosas: o "trabalho" a "ocupação".

O idoso se beneficia das atividades nas quais possa se envolver. Os nomes, trabalho e ocupação, precisam ser compreendidos como qualquer atividade desenvolvida pelo idoso que possa trazer, para ele, realização pessoal. Essa atividade pode se desenvolver num contexto onde ele atue sozinho, por exemplo, fazendo uma pintura, uma obra literária, uma escultura, ou cultivando plantas... Ou se desenvolver num contexto de relacionamento humano, associada a pessoas ou grupos, como acontece quando se ajuda alguma instituição de caridade, ou de tratamento, ou obra social. Enfim, nelas o que há em comum e importante é que sua atividade possa ser reconhecida e valorizada, trazendo para o idoso o sabor de realização.

Embora o trabalho psicoterápico na terceira idade não tenha como objetivo dirigir o idoso para atividades como as descritas acima, temos observado que , quando a terapia caminha positivamente, naturalmente aquela pessoa acaba se direcionando na busca de atividades do tipo que citamos acima. Ela se "descentra de si" e começa a perceber que sua participação no mundo ainda é possível, desejável e que isso lhe traz um reencontro com a vida no sentido mais pleno possível.

Tanto quanto o jovem, a pessoa da sétima década pode ser altamente beneficiada por uma ajuda psicoterápica, principalmente se pudermos rever e re-entender algumas palavras tais como: vida, morte, velhice, realização pessoal, passado, futuro... E tantos outros que em nossa cultura são profundamente carregadas de preconceitos.

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Texto escrito por J.L.Belas - jan. 2002

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Peixe Grande


Os anos passam
Mas as memórias ficam
Com os mesmos temperos
Com paladares diferentes

Memórias são como luzes
Refletem a distância
E brilham como estrelas
Ficam eternamente
Formam as constelações, que são nossas vidas

(Igor Paez).

Hoje assisti a um filme que me encantou pela sutileza e destreza como foi feito, como uma cantiga da infância que permeia nossos anseio e fantasia.

Como você é?

Racional, simples com uma vida mais controlada ou é idealista, aventureiro, inspirador ou fantástico?

Ed Bloom, personagem do filme Peixe Grande (2003) escolheu a segunda opção. Ele tem um talento de entreter a todos com suas histórias fantásticas, cheias de criaturas bizarras e ricas de representação. No entanto, esta opção criou uma magoa em seu filho Will, fazendo-o distanciar do seu pai durante anos.

Will, só queria conhecer seu pai, que ele contasse como que realmente as coisas aconteceram, mas ao recebe a notícia de que seu pai está no hospital, Will viaja com sua esposa para tentar resolver toda essa mágoa e conhecer um pouco o homem que tanto ama, antes que não haja tempo. A história vai sendo narrada na busca de aproximação de Will com seu pai, enquanto suas belas histórias vão sendo contadas pelos personagens.

Tenho que concordar com Will as histórias contadas são inacreditáveis. Nelas participam lobisomem, um gigante, gêmeas siamesas e uma cidade quase perfeita em que todos andam descalços, sem dizer as histórias sobre como Ed perdeu o nascimento de Will e como encontrou o amor da sua vida, Sandra.

Contudo, Will vai descobrindo que a realidade pode ser muito diferente do que ele imaginava. De forma lúdica em que as histórias de Ed são descrita inspira a riqueza do filme, que emociona tanto pelas cenas e pelos diálogos. O filme é uma mistura de fantasia e realidade, mas com poucas certezas e definições. A vida impressionante e distraída do protagonista é retratada na tela de uma forma delicada e admirável, como ler um livro infantil contado para adultos. Um filme que emociona tanto pela beleza quanto pelas suas mensagens ocultas, e que espelham profundamente as coisas boas da vida e ruins.

Um belo filme como esse, só poderia trazer uma grande trama, um bom enredo.

A desidealização de um filho pelo pai é algo retratado tanto na literatura quanto no cinema, mas uma das coisa de mais me chamaram atenção foi perspicácia de Will descobrir seu pai, pois como um terapeuta ele buscou a origem dos “causos” de seu pai, me perguntava: o que motiva ele a buscar a verdade? Qual os ganhos dele? O que ele quer, a verdade ou seu pai?

Will como grande esperança de confiar novamente no seu herói, foi atrás de pistas, começou como um bom analista, da origem do pai, da infância de um homem que novo já sabia como iria morrer através do olho de uma bruxa, nada pode ser verdadeiro sem um saber que o constitui. Mesmos dizendo: Às vezes não faz sentido, e a maior parte nunca aconteceu de verdade”, Will continua sua peregrinação e a historia vai sendo narrada e retratando um pai aventureiro, sedutor, que na verdade busca a liberdade em todo custo, Ed como idealista indaga: “Então me ocorreu que talvez a razão para meu crescimento era que eu estava destinado a coisas maiores. Afinal, um gigante não pode ter uma vida comum.”

Sim, um gigante era como Will vera seu pai durante anos e ainda continuava, mas para se preservar preferiu se privar de seu pai por 3 anos. Com o passar da historia nosso antagonista vai vendo que os personagem são reais, mas não com o mesmo contraste. E como um analista vai compreendendo seu pai, descobrindo o porque condimentava sua historia com pitada de fantasia e magia.

Quando Edward está no hospital e com dificuldade de falar, Dr. Bennett o médico da família questiona se Will conhece versão verdadeira de seu nascimento, então Dr. Bennett conta de forma breve, como foi seu nascimento, sem qualquer enfeite e muito mesmo fantasia, seco. A partir daí Will compreende que a verdade não tem a mesma intensidade, ao menos não é tão maravilhoso como seu pai sempre contou. Com isso Will deixa a busca pela real verdade, e busca e afunda no mundo de seu pai, para lhe dar sua grande final. Assim, Will como um analista compreende o seu pai, entende que a única e verdadeira história que os dois passaram juntos, era tudo real: bruxas, gigantes e o peixe grande, pois: “Um homem conta suas histórias tantas vezes que se torna as histórias. Elas sobrevivem a ele. E desta forma, ele se torna imortal.”

sábado, 20 de agosto de 2011

PAI – Nunca ser Coadjuvante.

Pai!
Aproveitando a semana em que se comemorou o dia dos pais, porque não descrever a relevância deste papel?
Não falarei daquele pai que todos conhecem, de carne e osso, do senso comum, do pai real, vou mais além, vou relatar de um pai simbólico, aquele que tem uma representabilidade interna ao indivíduo, não que o pai real não tenha sua importância, mas quero mostrar outro sentido para o papel paternal.
Durante muito tempo foi atribuída à psicanálise a culpa `as mães por problemas e sintomas que os filhos desenvolvem, contudo o pai sempre teve papel de destaque na criação e na composição do individuo e sua presença é de grande importância.
O próprio pai da psicanálise Sigmund Freud tinha uma relação forte com seu pai, sendo visível em sua personalidade, muita idenficação paterna. Freud era o filho mais velho do segundo casamento de seu pai Jacob, quando nasceu seu pai tivera um neto, de um de seus dois filhos do primeiro matrimônio, todos vivendo na mesma casa. Quando Freud tinha 40 anos seu pai faleceu causando grandes conflitos a ele, este fato fez com que Freud revisse sua autoanálise, assim colaborando para elaboração da psicanálise através de alguns conteúdos com rivalidade entre pais, laços de amor, complexo de Édipo e entre outros.
O pai é indispensável para constituição e desenvolvimento saudável do sujeito, através de seu papel que há a incorporação de limites, a simbolização do mundo, e o desprender da mãe. O pai é a simbolização da lei, limites, valores. A paternidade é conceder que o indivíduo deixe o instinto natural e vá à cultura.
A atual sociedade tem como foco principal o imediatismo e os excessos, consumos de bebidas alcoólicas, drogas, jogos eletrônicos, sexo, festas. É uma amostra da contemporaneidade, e na qual é proibido coibir, e onde é visível a necessidade de marcar presença como forma de obter aprovação e prazer.
A incorporação da imagem do pai corresponde no momento da repressão da sexualidade a favor da cultura, do saber. É importante para a menina um olhar paterno, para que ela possa ter segurança em sua referência masculina podendo identificar-se com a mãe, e o menino busca através do pai construir uma identificação de gênero.
A função paterna independe de seu genitor, o verdadeiro pai apresenta com um operador simbólico, de forma a figura paterna pode ser executada por um representante que a criança escolher.
Logo, podemos compreender a diferença que há entre o pai real e o pai simbólico. É necessário que tenhamos um olhar perante a função paterna, pois este papel apresenta função crucial na estruturação psíquica do indivíduo.
E cabem a nós pais, reinventar a família buscando conformidades em novos contextos, devido a novas exigências atuais, fazendo assim, sujeitos amorosos e com conteúdos simbólicos internalizados.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

CINEMA E PSICANÁLISE


Uma dobradinha que a mais de cem anos vem dando certo: cinema e psicanálise.

O cinema e a psicanálise são contemporâneos, em 1895 os irmãos Lumière fizeram a primeira exibição cinematográfica. No mesmo ano Freud faz a primeira interpretação de um sonho seu: "A injeção de Irma", que parece ser a encenação de um romance familiar das origens e da história da psicanálise, mas é em 1899 com o livro “Interpretação dos Sonhos” nasce à psicanálise.

Freud não imaginava que sua ciência seria um tempero muito usado no cinema, dramas psicológicos, e os conteúdos psicanalíticos, sempre exibindo noções populares e superficiais de trauma, repressão e inconsciente.

Nos Anos 30 e 40 era muito comum alguns filmes ter um analista devidamente bem vestido, com um cachimbo ou charuto e muita sapiência, e todo equilíbrio do mundo.

Mas, sem duvida nenhuma, quando se fala de cinema e psicanálise poucos superam Hitchcock, o mestre do suspense soube fazer esta ponte entre cinema e psique, é incrível ver tamanho domínio exemplo é os filmes, Disque M para matar (1954), Psicose (1960) e Os Pássaros (1963) entre outros.

Contudo, houve outros diretores que souberam fazer esta alquimia, como Stanley Kubrick considerado por muitos com um dos maiores diretores de todos os tempos, soube trabalhar alguns conteúdos da mente humana como o narcisismo, ou melhor, a quebra. Em seus filmes Kubrick mostra que os seres humanos são frágeis e ingênuos e manipuláveis. Filmes como: Laranja Mecânica (1971), Barry Lyndon (1975), O Iluminado (1980), Nascido para matar (1987) e De Olhos Bem Fechados (1999), demonstram bem isso, sem dizer o filme 2001: Uma Odisséia no Espaço (1968), que o computador elimina os tripulantes da nave Discovery.

Mas Freud não pode ficar fora da sétima arte, em Freud, além da alma (1962), dirigido por John Houston, retrata a biografia de Freud de forma romanceada, mostrando seus casos mais importantes como caso “Dora”, ”Schreber”. Conta história da construção da teoria psicanalítica, que procura explicar nossa constituição psíquica. O filme reconstitui a vivência e as descobertas de Freud, em Paris e na cidade de Viena, entre os anos de 1885 e 1890. Um belíssimo filme para estudantes de psicologia e apreciadores de filmes sobre o tema.

Para mim, cinema e psicanálise vão caminhar sempre juntos, mas sem se encontrar tudo “inconsciente”. Como o sonho, o cinema é constituído de elementos oníricos, e por este fato adoramos. Através dos filmes recebemos sentimentos, desencadeamos nossas próprias emoções, assim procuramos expressar a nossa necessidade, temos contatos com nosso íntimo, rimos e choramos e isso se faz pensamento, isso faz psicanálise.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

FALANDO SOBRE BULLYING


Que violência é essa?

O bullying, tratada hoje como uma síndrome, é uma violência já conhecida no mundo há 40 anos, os primeiros estudos foram nos Estados Unidos. No Brasil, iniciou a pouco mais de oito anos. Essa forma de humilhação caracteriza-se por atos físicos e psicológicos com indivíduos incapazes de se defender, causando sequelas até permanentes nas vitimas.

O termo em inglês quer dizer “valentão”, e vem fazendo parte do cotidiano de muitas escolas e da sociedade em geral. Começa com uma brincadeira, vai evoluindo, quando menos se espera, já passou para agressão.

As consequências desses atos podem ser sentidas ao longo da vida como angústia, tristeza, baixa autoestima, irritabilidade, raiva, instabilidade emocional, depressão, pânico.

Essa agressividade está relacionada a um sentimento de inferioridade que o agressor visualiza no agredido, contudo, esta inferioridade é do agressor, como não a aceita, livra-se dessa ideia passando-a para o outro. Assim o agressor torna-se forte, onipotente, pronto para destruir seu lado fraco.

O portador de bullying tem como característica mandar, dominar, sujeitar o outro a uma autoridade, através de ameaças como forma de autoaceitação e de atenção para si, além de que, possui uma dificuldade de expressar sua afetividade e de reconhecer o outro, e suas particularidades.

Dessa forma, o elege como um bode expiatório, que irá carregar a angustia do grupo, trazendo controle e estabilidade para um, e desiquilíbrio para outro.

Todos nos temos nosso lado ruim, nossas fraquezas, que muitas vezes evitamos relata-las, descreve-las. Entretanto, com o passar de nossas vidas elaboramos estratégias para maquiar essas imperfeições. O que espanta no bullying é o aumento do numero de casos de violência nas escolas, isso demonstra como está sendo a criação de nossas crianças. Muitas delas com baixa capacidade de suportar frustrações, por exemplo, crianças birrentas e mimadas, na qual há uma falta de limites, e falta de compreensão do outro. Isso leva a uma criança sem capacidade suportar suas imperfeições, seu lado negativo. Essa é uma situação que pais e escola devem trabalhar juntos para buscar e encontrar estratégias para que essas crianças possam elaborar essa angustia em si. Com o apoio da psicoterapia essa criança terá mais uma ferramenta em busca de segurança e estabilidade.

ALGUMAS CARACTERÍSTICA DE VITIMA DE BULLYING

Entre vários comportamentos da criança vítima do bullying, as mais marcantes são: baixo nível de concentração e aprendizagem, a queda do rendimento, o absentismo e a evasão escolar. No campo da saúde física e emocional, a baixa na resistência imunológica e na autoestima, stress, os sintomas psicossomáticos, transtornos psicológicos, a depressão, e muitas vezes pensamentos e atos suicídio.

As vítimas de bullying devem buscar conscientização de como ela foi dominada pelos agressores, e perceber as estratégias perversas do seu agressor, assim fazendo com que ele passe a recusar o papel que lhe é proposto pelo agressor. Este aprendizado acarreta ao amadurecimento para enfrentar o agressor e tomar outros tipos de atitudes frente ao bullying.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE

No mundo globalizado em que vivemos, no qual onde tudo acompanha a velocidade de um clique, aonde psicopatologias como Depressão, TAB, entre outros, vem sendo diagnosticado diariamente, o borderline vem se tornando o transtorno de muitos pacientes em consultórios de psiquiatras e psicólogos.

Por este fato, HEGENBERG (2000) indaga que o Transtorno borderline se caracteriza numa questão da pós-modernidade, pois é possível observar nos dias de hoje quebra de valores tradicionais, ou seja, conduz o individuo ao uma crise de existência, por causa de uma solidão ocasionada pela quebra de laços, individualismo crescente e, além disso, por uma disputa imposta pela sociedade.

Esses pacientes borderline se destacam pelo afeto depressivo ou até mesmo adverso, comportamento impulsivo. Muitos pacientes apresentam uma adaptação social favorável, alterações nas relações interpessoais, e além de experiências psicóticas breves.

A patologia borderline, hoje em dia é, sem dúvida, uma problemática psicossocial importante, já que frequentemente se associam a quadros de drogadição, alcoolismo e violência.

Por este fato, é importante a compreensão do transtorno; este é um dos focos deste trabalho, contudo, muito além de apresentar uma definição, saber manejar este paciente em setting terapêutico, oferecendo uma estrutura segura para um paciente que degladeia diariamente com a realidade. O psicoterapeuta tem que obter uma vasta compreensão de seu instrumento de trabalho.

O termo borderline começou utilizado no final do século XIX, quando iniciaram aparecer na literatura psicanalítica, contudo não com o mesmo significado anterior. Inicialmente o termo era utilizado para apontar pacientes psicóticos com prognóstico favorável, tipo mais leve de psicose, como esquizofrenia. (ZASLAVSKY, Et.al. 2006)

BERGERET (1998) descreve a estrutura borderline como padrão de relacionamento emocional intenso, contudo incerto e desorganizado. A instabilidade das emoções é um perfil característico deste transtorno, que se expressa pelas instabilidades ou ligeiras variações do estado de humor, esses pacientes reconhecem sua instabilidade emocional, contudo tentam encobrir com argumentos implausíveis.

São pacientes que costumam ter respostas intensas na presença de situações de separação, são indivíduos hipersensíveis as vivencias de abandono e vivenciam um esforço catastróficos e inadequados para evitá-las, com atos desproporcionais de raiva, acusações ou comportamento e suicidas, que muitas vezes manifestam sentimentos de culpa e superproteção por parte das pessoas a quem convivem. (EIZIRIK Et. al, 2005).

KERNBERG (1991) relata que o paciente borderline apresenta características de organização inespecíficas, como: fraqueza do ego demonstrada na falta de controle do impulso falta de tolerância à ansiedade e falta de canais desenvolvidos de sublimação; patologia do superego traduzida na existência de valores imaturos e exigências morais contraditórias; e relações objetais crônicas e caóticas.

KERNBERG (1991) propõe o conceito de organização borderline de personalidade que se baseia em três critérios estruturais: difusão da identidade, nível de operação defensivas e capacidade de teste da realidade.

· A difusão da identidade seria como definição a falta de integração do self e de outros significativos. Desta forma, o paciente passaria a experimentar um vazio crônico e uma enorme contradição referente à autopercepção, ao próprio comportamento e à percepção. (KERNBERG, 1991)

· Nível das operações defensivas refere-se ao nível de organização com predominância das defesas defensivas. As defesas serão lançadas como forma de proteção do ego aos conflitos, dissociando experiências contraditórias do self e de outros significados. (KERNBERG, 1991). São elas:

1. Clivagem: divisão do self em objetos bons e maus, idealização primitiva disposição exagerada a ver os objetos bons, o paciente não supor nenhuma imperfeição na pessoa idealizada. (KERNBERG, 1991)

2. Formas primitivas de projeção: a identificação projetiva é caracterizada por disposição a continuar a experimentar um impulso ao mesmo tempo projetado; medo do outro (fantasia de que o outro controla o impulso projetado), e necessidade de controlar o outro. (KERNBERG, 1991)

3. Denegação: reconhecimento da presença de percepções, sentimentos e pensamentos oposto aos expressos, sem que haja relevância emocional ou influência no paciente. (KERNBERG, 1991)

4. Onipotência e desvalorização: Derivada da clivagem e representada por um self altamente inflado, grandioso e onipotente que se relaciona com representação depreciativa do outro, incluindo a projeção de aspectos desvalorizados do self. (KERNBERG, 1991)

· Capacidade de teste da realidade: caracteriza-se por uma capacidade mantida no paciente entre self e não self, e entre as origens intrapsíquicas e externa das percepções e estímulos, e de avaliar nosso afeto, comportamento e pensamento em termos de normas sociais comuns. (KERNBERG, 1991)

BALL e MCCANN (1997) descreve que os pacientes borderline vivem em um estado de caos interno, que podem ocasionar sentimentos de raiva e desamparo nos profissionais que os atendem. Além disso, podem causar culpa, transformando o terapeuta solícito em relação ao paciente, reforçando o comportamento negativo. Muitos terapeutas podem desejar exercer controle ou até mesmo rejeitar pacientes borderline. Todavia, esses pacientes podem induzir a sentimentos intensos positivos, nos terapeutas idealizados, que podem se relacionar de forma protetora e zelosa.

Sabe-se que o início do transtorno é instável, começando esses distúrbios na gênese da idade adulta, com sérios episódios de descontrole afetivo e impulsivo. Por essa razão, os riscos de suicídio são maiores nos anos iniciais da vida adulta e diminuem com o avanço delas. São pacientes que demonstram uma necessidade de afeto.

BERGERET (1998) ensina que os pacientes de estrutura limítrofes possuem um baixo limiar a frustrações atuais, que despertam antigas frustrações infantis significativas. São indivíduos, que geralmente são percebidos como “esfolados vivos”, normalmente fazem a utilização de traços de caráter paranóicos como forma de assustar quem puiria frustrá-los.

É natural do estado limítrofe do ponto de vista estrutural, estar intermediado entre neurose e psicose. Trata-se de uma psicopatologia do narcisismo. Portanto, triunfando o perigo de uma psicogênese de tipo psicótico, o ego não alcança a uma psicogênese anaclítica do outro, o perigo imediato em que todos os estados limítrofes lutam, acima de tudo, é a depressão. (BERGERET, 1998).

Mal estabelecido, seu narcisismo demonstra muitas vezes frágil. A existência real e evidente e demasiada necessidade de apoio, afeição e compreensão. Seu movimento muitas vezes é observado como persecutório, mas não ao ponto de um paciente paranóico, com esta visão pode-se desempenhar um duplo papel de superego auxiliar e ego auxiliar, estabelecendo, assim, com grande valor de ambivalência, como proibidor ao mesmo tempo. (BERGERET, 1998).

De acordo com BERGERET (1998), a angústia em pacientes limítrofes é bem peculiar, todavia a angustia de depressão que sucede quando o individuo imagine que seu objeto anaclítico possa fazer falta. É angustia de perda de objeto, logo sem objeto o anaclítico entrará na depressão.

O autor nos orienta que a angustia de depressão demonstra a organização limítrofe e a traduz, juntamente com a angustia de fragmentação da estrutura psicótica e da angustia de castração da estrutura neurótica, pois da mesma forma que o modo de relação de objeto, a própria angustia profunda não deve ser estimada de modo aproximativo, nem atende-la como sendo de castração.

É importante sabermos que na organização borderline, os conflitos não são de fato recalcados e, ou seja, inconscientemente dinâmicos; são, todavia, expressos em estados do ego mutuamente dissociados. Esta clivagem reflete uma matriz primitiva ego-id que antecede a própria diferenciação entre ego e id, portanto, se origina de uma fixação ou regressão a um estágio primitivo de desenvolvimento que antecede a constância de objeto, e a consolidação da estrutura tripartida. Com isso, as relações gravemente patológicas durante o estágio inicial de desenvolvimento do segundo ao quarto ano de vida determinam a fixação da organização psíquica de maneira defensiva em um nível de desenvolvimento insuficientemente integrado. (KERNBERG, 1991)

Esses pacientes são classificados segundo a ASSOCIAÇÃO PSIQUIÁTRICA AMERICANA(2003), como Transtorno do Eixo II (personalidade), que representam um prejuízo funcionamento basal, ou seja, acarreta que esses indivíduos funcionam geralmente abaixo do nível de inteligência esperado por sai inteligência, recurso e educação, alem disso é possível verificar que o prejuízo fica nítido no funcionamento interpessoal, pessoal e na autopercepção. Os danos na personalidade têm seu inicio precoce e entremeia uma vasta variedade de situações.

GABBARD (1998) expõe algumas características para um diagnostico racional de um paciente borderline:

1. afeto exacerbado de natureza depressiva ou raivosa;

2. impulsividade;

3. adaptação superficial a conjetura sociais;

4. episódio psicótico transitório;

5. inclinação a ideações frouxos na testagem projetiva ou outras situações não estruturadas;

6. modelo incerto de relações que se dirija de uma extrema dependência à superficialidade transitória.

De acordo com GABBARD (1998), muitos dos pais dos pacientes limítrofes reforçam as fixações a uma relação exclusivamente anaclítico. Muitas vezes, expõe-se no plano narcísico. Devido essas condições, às vezes contraditórias e sem contraparte gratificante, a crianças visualiza baterem em seu interior dois egos ideais, paterno e materno.

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ASSOCIAÇÃO PSIQUIATRICA AMERICANA. Manual diagnóstico e estatístico de transtorno mentais: DSM-IV-TR. 4, Ed. rev. Tradução Claudia Dornelles. Porto Alegre: Artmed, 2003.

BALL, E. M.; McCANN, R. Transtorno de personalidade borderline. In: Jacobson, J. L.; Jacobson, A. M. (Orgs.). Segredo em psiquiatria: respostas necessárias ao dia-a-dia: em rounds, na clínica, em exames orais e escritos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.

BERGERET, Jean. A personalidade normal e patológica. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

EIZIRIK, Cláudio L.; AGUIAR, Rogério W.; SCHESTATSKY, Sidnei S. Psicoterapia de Orientação Analítica. Porto Alegre: Artmed, 2005

GABBARD, G. O. Psiquiatria psicodinâmica. Porto Alegre: Artmed, 1998.

ZASLAVSKY, J.; SANTOS, M.J.P.(Org.) Contratransferência: teoria e prática clínica. Porto Alegre: Artmed, 2006,