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quarta-feira, 18 de maio de 2011

TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE

No mundo globalizado em que vivemos, no qual onde tudo acompanha a velocidade de um clique, aonde psicopatologias como Depressão, TAB, entre outros, vem sendo diagnosticado diariamente, o borderline vem se tornando o transtorno de muitos pacientes em consultórios de psiquiatras e psicólogos.

Por este fato, HEGENBERG (2000) indaga que o Transtorno borderline se caracteriza numa questão da pós-modernidade, pois é possível observar nos dias de hoje quebra de valores tradicionais, ou seja, conduz o individuo ao uma crise de existência, por causa de uma solidão ocasionada pela quebra de laços, individualismo crescente e, além disso, por uma disputa imposta pela sociedade.

Esses pacientes borderline se destacam pelo afeto depressivo ou até mesmo adverso, comportamento impulsivo. Muitos pacientes apresentam uma adaptação social favorável, alterações nas relações interpessoais, e além de experiências psicóticas breves.

A patologia borderline, hoje em dia é, sem dúvida, uma problemática psicossocial importante, já que frequentemente se associam a quadros de drogadição, alcoolismo e violência.

Por este fato, é importante a compreensão do transtorno; este é um dos focos deste trabalho, contudo, muito além de apresentar uma definição, saber manejar este paciente em setting terapêutico, oferecendo uma estrutura segura para um paciente que degladeia diariamente com a realidade. O psicoterapeuta tem que obter uma vasta compreensão de seu instrumento de trabalho.

O termo borderline começou utilizado no final do século XIX, quando iniciaram aparecer na literatura psicanalítica, contudo não com o mesmo significado anterior. Inicialmente o termo era utilizado para apontar pacientes psicóticos com prognóstico favorável, tipo mais leve de psicose, como esquizofrenia. (ZASLAVSKY, Et.al. 2006)

BERGERET (1998) descreve a estrutura borderline como padrão de relacionamento emocional intenso, contudo incerto e desorganizado. A instabilidade das emoções é um perfil característico deste transtorno, que se expressa pelas instabilidades ou ligeiras variações do estado de humor, esses pacientes reconhecem sua instabilidade emocional, contudo tentam encobrir com argumentos implausíveis.

São pacientes que costumam ter respostas intensas na presença de situações de separação, são indivíduos hipersensíveis as vivencias de abandono e vivenciam um esforço catastróficos e inadequados para evitá-las, com atos desproporcionais de raiva, acusações ou comportamento e suicidas, que muitas vezes manifestam sentimentos de culpa e superproteção por parte das pessoas a quem convivem. (EIZIRIK Et. al, 2005).

KERNBERG (1991) relata que o paciente borderline apresenta características de organização inespecíficas, como: fraqueza do ego demonstrada na falta de controle do impulso falta de tolerância à ansiedade e falta de canais desenvolvidos de sublimação; patologia do superego traduzida na existência de valores imaturos e exigências morais contraditórias; e relações objetais crônicas e caóticas.

KERNBERG (1991) propõe o conceito de organização borderline de personalidade que se baseia em três critérios estruturais: difusão da identidade, nível de operação defensivas e capacidade de teste da realidade.

· A difusão da identidade seria como definição a falta de integração do self e de outros significativos. Desta forma, o paciente passaria a experimentar um vazio crônico e uma enorme contradição referente à autopercepção, ao próprio comportamento e à percepção. (KERNBERG, 1991)

· Nível das operações defensivas refere-se ao nível de organização com predominância das defesas defensivas. As defesas serão lançadas como forma de proteção do ego aos conflitos, dissociando experiências contraditórias do self e de outros significados. (KERNBERG, 1991). São elas:

1. Clivagem: divisão do self em objetos bons e maus, idealização primitiva disposição exagerada a ver os objetos bons, o paciente não supor nenhuma imperfeição na pessoa idealizada. (KERNBERG, 1991)

2. Formas primitivas de projeção: a identificação projetiva é caracterizada por disposição a continuar a experimentar um impulso ao mesmo tempo projetado; medo do outro (fantasia de que o outro controla o impulso projetado), e necessidade de controlar o outro. (KERNBERG, 1991)

3. Denegação: reconhecimento da presença de percepções, sentimentos e pensamentos oposto aos expressos, sem que haja relevância emocional ou influência no paciente. (KERNBERG, 1991)

4. Onipotência e desvalorização: Derivada da clivagem e representada por um self altamente inflado, grandioso e onipotente que se relaciona com representação depreciativa do outro, incluindo a projeção de aspectos desvalorizados do self. (KERNBERG, 1991)

· Capacidade de teste da realidade: caracteriza-se por uma capacidade mantida no paciente entre self e não self, e entre as origens intrapsíquicas e externa das percepções e estímulos, e de avaliar nosso afeto, comportamento e pensamento em termos de normas sociais comuns. (KERNBERG, 1991)

BALL e MCCANN (1997) descreve que os pacientes borderline vivem em um estado de caos interno, que podem ocasionar sentimentos de raiva e desamparo nos profissionais que os atendem. Além disso, podem causar culpa, transformando o terapeuta solícito em relação ao paciente, reforçando o comportamento negativo. Muitos terapeutas podem desejar exercer controle ou até mesmo rejeitar pacientes borderline. Todavia, esses pacientes podem induzir a sentimentos intensos positivos, nos terapeutas idealizados, que podem se relacionar de forma protetora e zelosa.

Sabe-se que o início do transtorno é instável, começando esses distúrbios na gênese da idade adulta, com sérios episódios de descontrole afetivo e impulsivo. Por essa razão, os riscos de suicídio são maiores nos anos iniciais da vida adulta e diminuem com o avanço delas. São pacientes que demonstram uma necessidade de afeto.

BERGERET (1998) ensina que os pacientes de estrutura limítrofes possuem um baixo limiar a frustrações atuais, que despertam antigas frustrações infantis significativas. São indivíduos, que geralmente são percebidos como “esfolados vivos”, normalmente fazem a utilização de traços de caráter paranóicos como forma de assustar quem puiria frustrá-los.

É natural do estado limítrofe do ponto de vista estrutural, estar intermediado entre neurose e psicose. Trata-se de uma psicopatologia do narcisismo. Portanto, triunfando o perigo de uma psicogênese de tipo psicótico, o ego não alcança a uma psicogênese anaclítica do outro, o perigo imediato em que todos os estados limítrofes lutam, acima de tudo, é a depressão. (BERGERET, 1998).

Mal estabelecido, seu narcisismo demonstra muitas vezes frágil. A existência real e evidente e demasiada necessidade de apoio, afeição e compreensão. Seu movimento muitas vezes é observado como persecutório, mas não ao ponto de um paciente paranóico, com esta visão pode-se desempenhar um duplo papel de superego auxiliar e ego auxiliar, estabelecendo, assim, com grande valor de ambivalência, como proibidor ao mesmo tempo. (BERGERET, 1998).

De acordo com BERGERET (1998), a angústia em pacientes limítrofes é bem peculiar, todavia a angustia de depressão que sucede quando o individuo imagine que seu objeto anaclítico possa fazer falta. É angustia de perda de objeto, logo sem objeto o anaclítico entrará na depressão.

O autor nos orienta que a angustia de depressão demonstra a organização limítrofe e a traduz, juntamente com a angustia de fragmentação da estrutura psicótica e da angustia de castração da estrutura neurótica, pois da mesma forma que o modo de relação de objeto, a própria angustia profunda não deve ser estimada de modo aproximativo, nem atende-la como sendo de castração.

É importante sabermos que na organização borderline, os conflitos não são de fato recalcados e, ou seja, inconscientemente dinâmicos; são, todavia, expressos em estados do ego mutuamente dissociados. Esta clivagem reflete uma matriz primitiva ego-id que antecede a própria diferenciação entre ego e id, portanto, se origina de uma fixação ou regressão a um estágio primitivo de desenvolvimento que antecede a constância de objeto, e a consolidação da estrutura tripartida. Com isso, as relações gravemente patológicas durante o estágio inicial de desenvolvimento do segundo ao quarto ano de vida determinam a fixação da organização psíquica de maneira defensiva em um nível de desenvolvimento insuficientemente integrado. (KERNBERG, 1991)

Esses pacientes são classificados segundo a ASSOCIAÇÃO PSIQUIÁTRICA AMERICANA(2003), como Transtorno do Eixo II (personalidade), que representam um prejuízo funcionamento basal, ou seja, acarreta que esses indivíduos funcionam geralmente abaixo do nível de inteligência esperado por sai inteligência, recurso e educação, alem disso é possível verificar que o prejuízo fica nítido no funcionamento interpessoal, pessoal e na autopercepção. Os danos na personalidade têm seu inicio precoce e entremeia uma vasta variedade de situações.

GABBARD (1998) expõe algumas características para um diagnostico racional de um paciente borderline:

1. afeto exacerbado de natureza depressiva ou raivosa;

2. impulsividade;

3. adaptação superficial a conjetura sociais;

4. episódio psicótico transitório;

5. inclinação a ideações frouxos na testagem projetiva ou outras situações não estruturadas;

6. modelo incerto de relações que se dirija de uma extrema dependência à superficialidade transitória.

De acordo com GABBARD (1998), muitos dos pais dos pacientes limítrofes reforçam as fixações a uma relação exclusivamente anaclítico. Muitas vezes, expõe-se no plano narcísico. Devido essas condições, às vezes contraditórias e sem contraparte gratificante, a crianças visualiza baterem em seu interior dois egos ideais, paterno e materno.

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ASSOCIAÇÃO PSIQUIATRICA AMERICANA. Manual diagnóstico e estatístico de transtorno mentais: DSM-IV-TR. 4, Ed. rev. Tradução Claudia Dornelles. Porto Alegre: Artmed, 2003.

BALL, E. M.; McCANN, R. Transtorno de personalidade borderline. In: Jacobson, J. L.; Jacobson, A. M. (Orgs.). Segredo em psiquiatria: respostas necessárias ao dia-a-dia: em rounds, na clínica, em exames orais e escritos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.

BERGERET, Jean. A personalidade normal e patológica. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

EIZIRIK, Cláudio L.; AGUIAR, Rogério W.; SCHESTATSKY, Sidnei S. Psicoterapia de Orientação Analítica. Porto Alegre: Artmed, 2005

GABBARD, G. O. Psiquiatria psicodinâmica. Porto Alegre: Artmed, 1998.

ZASLAVSKY, J.; SANTOS, M.J.P.(Org.) Contratransferência: teoria e prática clínica. Porto Alegre: Artmed, 2006,

Um comentário:

  1. Dr. Muito bom seu conteúdo, estou muito grata pois existem coisas que achamos que é o certo mais n sempre acertamos. parabéns!!

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